No Contraponto 13.004
Do Diário do Centro do Mundo
Um péssimo exemplo para os brasileiros |
por : Paulo Nogueira
X é um amigo querido meu. Mesma profissão, mesma geração, mesma redação durante anos.
X é, também, uma demonstração do efeito deletério de Joaquim Barbosa sobre a alma dos brasileiros.
X é, essencialmente, um bom cara: solidário, generoso, magnânimo. São as
razões que me levaram a mantê-lo entre os amigos no correr dos longos
dias.
Fui notar o veneno de JB em menções de X a Genoino. O desespero de
Miruna, a delicada situação de saúde de Genoino: nada disso provocou o
menor sentimento de piedade em X, e isso mesmo no Natal, um período em
que tendemos a ser mais tolerantes e mais compassivos.
Genoino é, para X, um “mensaleiro” que “quer moleza”. Moleza é cumprir a
prisão domiciliar em casa, na modesta residência do Butantã, em São
Paulo, e não em Brasília, onde contraparentes lhe cederam um quarto.
Isto é a “moleza”.
Já escrevi sobre isso e repito: o mal maior de Joaquim Barbosa é o
exemplo de inclemência – maldade, usemos logo a palavra certa – que ele
passa a brasileiros como meu amigo X.
É um crime contra a nacionalidade.
Veja, no extremo oposto, o que o papa Francisco transmite: tolerância, generosidade, solidariedade.
Se a humanidade seguir Francisco, todos ganharemos. Se os brasileiros seguirem Barbosa, será uma tragédia.
Não gosto de simplificações, mas é como se um representasse as forças do bem e o outro as forças do mal.
X, como tantas outras pessoas, está seguindo JB ao se pronunciar com
ausência completa de simpatia – com raiva, na verdade — sobre o
“mensaleiro que quer moleza”.
E então chego a Miruna, a filha de Genoino, modesta professora em São Paulo.
Em mais um gesto de desespero, ela enviou uma mensagem a alguns jornalistas, entre os quais eu.
O título é autoexplicativo: “Revolta!”
Tomo a liberdade de reproduzir, por entender que é um caso de interesse
público. Repare que ela não consegue citar o nome de Joaquim Barbosa.
Abaixo, a mensagem.
“Palavras textuais do presidente do STF sobre a situação do meu pai:
“Por fim, considerada a provisoriedade da prisão domiciliar na qual o
condenado vem atualmente cumprindo sua pena, e a forte probabilidade do
seu retorno ao regime semi-aberto ao fim do prazo solicitado pela
Procuradoria-Geral da República, considero que a transferência ora
requerida fere o interesse público.
Por todo o exposto, indefiro o pedido de cumprimento da pena em regime domiciliar em São Paulo.”
Eu sei que não posso falar tudo o que penso sobre o presidente da
suprema corte de justiça de meu país. Mas, também, que adjetivo é
possível usar para alguém que proíbe um condenado CARDÍACO de cumprir
sua pena DOMICILIAR em seu DOMICÍLIO e ainda ameaça de que em fevereiro
vai colocá-lo de volta na prisão?
O próprio laudo feito pelos médicos escolhidos a dedo por Barbosa fala:
“Desta feita, o tratamento anti-hipertensivo de longo prazo deve incluir
(… cita a dieta, exercícios e tal) A RESTRIÇÃO DA INFLUÊNCIA DE FATORES
PSICOLÓGICOS ESTRESSANTES”. Que tal isso ser considerado a começar pelo
presidente do Supremo? O que vocês acham que se pode dizer de alguém
que já ameaça e anuncia, no dia 28 de dezembro, uma época realmente
propícia para ameaças, que a pessoa vai voltar para a cadeia em dois
meses????????????”
Os vários pontos de interrogação refletem a perplexidade de Miruna.
Se lesse isso, meu amigo X louvaria Joaquim Barbosa.
Pelo mal que JB faz à índole nacional, e pela influência sinistra que exerce sobre meu amigo X, ele é o Pior Brasileiro do Ano.
Paulo Nogueira. Jornalista é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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