(YL)
A partir de janeiro de 1997, Moreira foi coordenador na Secretaria de
Comunicação da Presidência da República na área de publicidade e
propaganda
Sou jornalista por paixão. Acredito no que faço.
Não acredito nesse discurso do jornalismo que enfatiza imparcialidade, objetividade ou neutralidade. Mas acredito em honestidade intelectual na atividade profissional.
Tornei-me professor de jornalismo me fiando nessa crença.
Por isso uma das coisas que mais doem em mim, como jornalista e professor, é quando vejo a imprensa fingir que é imparcial ou objetiva, vender esse discurso e, no entanto, se comportar parcialmente em suas pautas, ênfases e enquadramentos.
Já vi isso acontecer mais de uma vez, especialmente nos processos eleitorais.
Nos últimos dias, também. Hoje.
Era o sábado, 27 de setembro, quando Mário Welber foi detido em São Paulo com R$ 102 mil e 16 cheques em branco. Welber assessora o deputado tucano eleito Bruno Covas, neto de Mário Covas.
Acontece que a notícia só foi divulgada na quinta-feira (02) pelo Estadão e na sexta-feira (03) pela Folha de São Paulo. E eu duvido que você tenha visto alguma informação sobre isso na tevê.
Faça uma busca no Google buscando os termos Bruno Covas + R$102 mil. Aparecem umas poucas referências de órgãos da mídia tradicional na primeira página de resultados (Folha, Terra, Exame).
Agora experimente uma nova busca. Jogue no Google o nome Marcier Trombiere Moreira: os resultados são praticamente todos da grande imprensa na primeira página.
Quem é esse?
Ele foi um dentre três que foram detidos ontem no Aeroporto de Brasília com R$ 116 mil. A diferença é que ele era ex-assessor do ministério das Cidades. Ministério das Cidades comandado pelo PP. Segundo consta, o avião em que vinha Moreira saiu de Minas Gerais. E, segundo publicou O Estadão, um outro passageiro seria assessor de um senador.
O assessor do Senador sumiu do noticiário. Ainda que, pasme, Moreira trouxesse no bolso R$ 4 mil. Os demais eram responsáveis pelos outros R$ 112 mil. Quem são? Benedito Rodrigues de Oliveira e Pedro Medeiros. Benedito é conhecido da época dos aloprados. Mas, e o Pedro? Quem é? De que estado é? Qual sua idade? Assessora que senador?
Outra coisa que as avançadas redações jornalísticas da grande mídia não perguntaram e, por isso, não responderam: se Moreira era assessor do Ministério das Cidades, comandado pelo PP, por que foi a Minas supostamente trabalhar na campanha de Fernando Pimentel (PT), mesmo o PP estando no palanque tucano de Pimenta da Veiga? E quem é o senador?
Mas também faltou um pouco mais de aprofundamento à imprensa. Se é certo que Marcier Moreira atuava junto à comunicação do Ministério das Cidades até este ano, não é certo que ele tenha passado apenas pelo Ministério da Saúde antes.
A partir de 1997, no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, Moreira foi coordenador na Secretaria de Comunicação da Presidência da República na área de publicidade e propaganda, tendo participado de várias licitações de publicidade de órgãos públicos no período, como da Caixa Econômica Federal.
Ainda assim, é de estranhar que se enfatize o nome do sujeito que levava um dinheiro relativamente baixo consigo (R$ 4 mil) e se esqueça Pedro Medeiros, supostamente assessor de um senador. Era ele que levava os outros R$ 112 mil?
Numa busca no Google o único Pedro Medeiros que surgiu com relação política é paraibano, tucano e aliado do senador Cássio Cunha Lima e Aécio Neves. LEIA MAIS EM
http://www.blogdodanieldantas.com.br/2014/10/detido-com-dinheiro-em-brasilia.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+blogspot%2FjIjMs+%28De+olho+no+discurso%29
8 de outubro de 2014
Sou jornalista por paixão. Acredito no que faço.
Não acredito nesse discurso do jornalismo que enfatiza imparcialidade, objetividade ou neutralidade. Mas acredito em honestidade intelectual na atividade profissional.
Tornei-me professor de jornalismo me fiando nessa crença.
Por isso uma das coisas que mais doem em mim, como jornalista e professor, é quando vejo a imprensa fingir que é imparcial ou objetiva, vender esse discurso e, no entanto, se comportar parcialmente em suas pautas, ênfases e enquadramentos.
Já vi isso acontecer mais de uma vez, especialmente nos processos eleitorais.
Nos últimos dias, também. Hoje.
Era o sábado, 27 de setembro, quando Mário Welber foi detido em São Paulo com R$ 102 mil e 16 cheques em branco. Welber assessora o deputado tucano eleito Bruno Covas, neto de Mário Covas.
Acontece que a notícia só foi divulgada na quinta-feira (02) pelo Estadão e na sexta-feira (03) pela Folha de São Paulo. E eu duvido que você tenha visto alguma informação sobre isso na tevê.
Faça uma busca no Google buscando os termos Bruno Covas + R$102 mil. Aparecem umas poucas referências de órgãos da mídia tradicional na primeira página de resultados (Folha, Terra, Exame).
Agora experimente uma nova busca. Jogue no Google o nome Marcier Trombiere Moreira: os resultados são praticamente todos da grande imprensa na primeira página.
Quem é esse?
Ele foi um dentre três que foram detidos ontem no Aeroporto de Brasília com R$ 116 mil. A diferença é que ele era ex-assessor do ministério das Cidades. Ministério das Cidades comandado pelo PP. Segundo consta, o avião em que vinha Moreira saiu de Minas Gerais. E, segundo publicou O Estadão, um outro passageiro seria assessor de um senador.
O assessor do Senador sumiu do noticiário. Ainda que, pasme, Moreira trouxesse no bolso R$ 4 mil. Os demais eram responsáveis pelos outros R$ 112 mil. Quem são? Benedito Rodrigues de Oliveira e Pedro Medeiros. Benedito é conhecido da época dos aloprados. Mas, e o Pedro? Quem é? De que estado é? Qual sua idade? Assessora que senador?
Outra coisa que as avançadas redações jornalísticas da grande mídia não perguntaram e, por isso, não responderam: se Moreira era assessor do Ministério das Cidades, comandado pelo PP, por que foi a Minas supostamente trabalhar na campanha de Fernando Pimentel (PT), mesmo o PP estando no palanque tucano de Pimenta da Veiga? E quem é o senador?
Mas também faltou um pouco mais de aprofundamento à imprensa. Se é certo que Marcier Moreira atuava junto à comunicação do Ministério das Cidades até este ano, não é certo que ele tenha passado apenas pelo Ministério da Saúde antes.
A partir de 1997, no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso, Moreira foi coordenador na Secretaria de Comunicação da Presidência da República na área de publicidade e propaganda, tendo participado de várias licitações de publicidade de órgãos públicos no período, como da Caixa Econômica Federal.
Ainda assim, é de estranhar que se enfatize o nome do sujeito que levava um dinheiro relativamente baixo consigo (R$ 4 mil) e se esqueça Pedro Medeiros, supostamente assessor de um senador. Era ele que levava os outros R$ 112 mil?
Numa busca no Google o único Pedro Medeiros que surgiu com relação política é paraibano, tucano e aliado do senador Cássio Cunha Lima e Aécio Neves. LEIA MAIS EM
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